O mito de O estudo da China
Tradução de The China Study Myth, de Denise Minger, março de 2012.
(http://www.westonaprice.org/health-topics/abcs-of-nutrition/the-china-study-myth/)
Traduzido por Renato Alves.
Falhas na BĂblia vegana
O ano de 2006 foi marcado por um evento que sacodiu o mundo da nutrição (bem como as muralhas dos Alimentos Integrais): o lançamento do The China Study, por T. Colin Campbell. Impresso por uma pequena editora conhecida por outras obras cientĂficas esplĂŞndidas, como The Psychology of the Simpsons[A psicologia de Os Simpsons] e You Do Not Talk About Fight Club [NĂŁo venha falar do Clube da Luta], o livro de Campbell rapidamente passou de boca a boca e subiu em velocidade recorde para as alturas de campeĂŁo de vendagem, com suas vendas excedendo meio milhĂŁo de cĂłpias atĂŠ o momento.
A premissa ĂŠ de que todos os alimentos de origem animal, desde Chicken McNuggets a um filĂŠ de salmĂŁo selvagem, sĂŁo responsĂĄveis pelas enfermidades modernas, como doenças cardĂacas e câncer. Tais doenças, alega o livro, podem genericamente ser prevenidas ou atĂŠ mesmo curadas, abstendo-se de produtos de origem animal e consumindo uma alimentação de alimentos de origem vegetal, integrais, nĂŁo processados.
Embora esta tese impressionante seja difĂcil de ser engolida, o livro parece convincente, por causa de suas referĂŞncias exaustivas e a lista de credenciais do autor, incluindo um PhD em Cornell, autoria de mais de trezentos artigos cientĂficos e dĂŠcadas de experiĂŞncia em pesquisa direta. Talvez nĂŁo surpreendentemente, O estudo da Chinafoi rapidamente absorvido pela comunidade vegana como uma bĂblia para todas as obras, a palavra final sobre o malefĂcio dos alimentos de origem animale a prova irrefutĂĄvel de que uma alimentação exclusivamente de produtos de origem vegetal ĂŠ melhor para a humanidade. Desespero aos adoradores de carne de todos os cantos (principalmente aos que gostam de discutir por passatempo), jĂĄ que debates tĂłrridos com veganos sĂŁo, agora, terminados com uma simples sentença: âVĂĄ ler O estudo da China!â
Entretanto, a despeito das declaraçþes âpreto-no-brancoâ sobre os produtos de origem animal (e seus argumentos aparentemente bem referenciados), O estudo da ChinanĂŁo ĂŠ um trabalho com vigor cientĂfico. Como veremos neste artigo, as alegaçþes mais amplamente repetidas no livro, principalmente as em relação Ă pesquisa de Campbell sobre câncer e os resultados do Projeto China-Cornell-Oxford, sĂŁo vĂtimas de viĂŠs seletivo, escolha por critĂŠrios muito duvidosos e mĂĄ interpretação terrĂvel de dados.
ProteĂna animal causa câncer?
As sementes da dĂşvida sobre alimento de origem animal foram plantadas, pela primeira vez, na carreira de Campbell, enquanto ele trabalhava nas Filipinas, em um projeto de auxĂlio a combate contra desnutrição. Um colega o informou a respeito de uma tendĂŞncia impressionante: câncer de fĂgado afligia os filipinos mais abastados em uma taxa muito maior do que suas contrapartes menos prĂłsperas, um fenĂ´meno que, nĂŁo obstante uma montanha de outras diferenças de estilo de vida, acreditouCampbell estar relacionado a seu maior consumo de proteĂna animal[1]. Fortalecendo suas suspeitas, Campbell tambĂŠm ficou sabendo de um estudo recente,na Ăndia, mostrando que ingestĂŁo elevada de proteĂna incitava câncer hepĂĄtico em ratos, ao passo que baixa ingestĂŁo de proteĂna parecia preveni-lo[2]. Intrigado por esta pĂŠrola, vinda de muito pouca pesquisa, Campbell decidiu ele mesmo investigar o papel da nutrição no desenvolvimento do câncer, uma empreita que terminou durando muitas dĂŠcadas e produzindo mais de cem publicaçþes (nenhuma delas pertencente ao Clube da Luta[3]).
O estudo da China retomou as descobertas de Campbell com poderosa simplicidade. Em uma sĂŠrie de experimentos, Campbell e sua equipe expuseram ratos a nĂveis elevados de aflatoxina, um carcinogĂŞnio produzido por fungos que crescem em amendoim e milho, e, entĂŁo, alimentou os animais com comida contendo nĂveis variĂĄveis de proteĂna caseĂna do leite. Estudo apĂłs estudo, os ratos consumindo apenas 5% de suas calorias totais na forma decaseĂna nĂŁo desenvolveram tumor, enquanto que ratos consumindo 20% de suas calorias com caseĂna desenvolveram crescimentos anormais que marcaram o inĂcio de câncer hepĂĄtico. Como Campbell descreveu, ele poderia controlar o câncer naqueles roedores, âcomo se operando um interruptor de luz, ligando-a e desligando-aâ, simplesmente alterando a quantia de caseĂna que eles ingeriam[4].
A despeito das descobertas perturbadoras, Campbell nĂŁo estava pronto para declarar toda proteĂna como uma ameaça Ă saĂşde pĂşblica e colar no corredor de pasta de amendoim o selo de Mr. Yuk . Acabou que a proteĂna animal, pelo que parecia, era a Ăşnica vilĂŁ abominĂĄvel. Em diversos de seus experimentos, quando os ratos expostos a aflatoxina eram alimentados com proteĂna de trigo ou de soja, no lugar da caseĂna, eles nĂŁo desenvolviam qualquer tipo de câncer, mesmo em 20%de nĂvel, o que provou ser tĂŁo maligno, no caso da caseĂna[5].Parecia que estas proteĂnas de origem vegetal nĂŁo eram apenas aprovadas pela PETA, mas tambĂŠm, as menos provĂĄveis a transformarem fĂgados de ratos em fĂĄbricas de tumores.
Estas descobertas levaram Campbell a sua conclusĂŁo firme e famosa: toda proteĂna de origem animal, mas nĂŁo a de origem vegetal, poderia promover, bastante por si mesma, crescimento de câncer. Fuja do espetinho! Corra para o tofu!Mas, conforme diversos crĂticos apontaram [6,7], tal declaração era assentada em algumas cambalhotas de lĂłgica (e, talvez, algumas piruetas de ilusĂŁo). Os efeitos da caseĂna, especialmente quando isolada, separada de outros componentes do laticĂnio que geralmente trabalham em sinergia, nĂŁo pode ser generalizada a todas as formas de proteĂna do leite, muito menos todas as formas de proteĂna de origem animal. Um nĂşmero expressivo de estudos mostra que outra importante proteĂna do leite, o soro, suprime sistematicamente o crescimento tumoral ao invĂŠs de promovĂŞ-lo, provavelmente devido a sua habilidade de elevar os nĂveis de glutationa [8,9].Outro estudo de Campbell sugere que proteĂna de peixe atua como estimuladora de câncer, quando comparada com o Ăłleo de milho, mas nĂŁo, quando comparada com o Ăłleo de peixe, salientando a importância do contexto alimentar (e a caracterĂstica dos Ăłleos vegetais de seremsempre terrĂveis) [10].
E o pulo-do-gato: um dos experimentos mais relevantes de Campbell, o qual, infelizmente, nĂŁo recebeu menção em in O estudo da China, mostrou que, quando glĂşten de trigo ĂŠ suplementado com lisina, para compor uma proteĂna completa, ele se comporta exatamente como a caseĂna, na promoção de crescimento de tumor [11].Isto significa que a proteĂna de origem animal nĂŁo possui alguma espĂŠcie de habilidade mĂstica de estimular câncer, por mera virtude de sua origem, vinda de uma criatura consciente, mas somente que uma gama completa de aminoĂĄcidos fornece as unidades de construção corretas para crescimento, seja para cĂŠlulas malignas, seja para saudĂĄveis. E, como qualquer vegano que for perguntado âDe onde vocĂŞ obtĂŠm suas proteĂnas?â pela octocentĂŠsima vez responderĂĄ, atĂŠ mesmo a alimentação composta exclusivamente de produtos de origem vegetal supre proteĂna de maneira completa, atravĂŠs das diversas misturas de legumes, grĂŁos, castanhas, verduras e outros itens considerados veganos. Teoricamente, uma refeição de arroz com feijĂŁo oferece os mesmos assim chamados aminoĂĄcidos estimuladores de câncer que a proteĂna de origem animal o faz. Deveras, os experimentos de Campbell perdem sua relevância, no contexto de uma alimentação normal, do mundo real, oposta ao cardĂĄpio purificado, composto apenas de caseĂna, açúcar e Ăłleo de milho que seus ratos comeram.
Mas isto ĂŠ apenas a ponta do iceberg proteinĂĄceo. Em seu artigo de setembro de 2010, The Curious Case of Campbellâs Rats [O curioso caso dos ratos de Campbell] [12], Chris Masterjohn aventurou-se para alĂŠm das pĂĄginas bem iluminadas de O estudo da Chinapara explorar os cantos obscuros das publicaçþes de Campbell em primeira mĂŁo. E o que ele encontrou, em relação aos ratos alimentados com baixo teor de proteĂna, foi um clamor das descriçþes do mundo das fantasias que lemos no livro. Embora os ratos consumindo uma alimentação rica em caseĂna realmente desenvolvessem câncer, conforme descrevera Campbell, aqueles nos grupos que consumiam baixa quantidade da mesma proteĂna do leite, retratados como com olhos francamente brilhantes e recobertos de luz em O estudo da China, estavam sofrendo de algo ainda pior. Na verdade, a pesquisa de Campbell mostrou que uma alimentação pobre em proteĂna aumenta a toxicidade aguda da aflatoxina, resultando em genocĂdio celular e morte prematura. Pelo fato de a carĂŞncia protĂŞica impedir o fĂgado de realizar com ĂŞxito suas funçþes desintoxicantes, menos aflatoxina ĂŠ convertida em metabĂłlitos causadores de câncer, mas o resultado final ĂŠ dano aos tecidosintenso (e, no final das contas, fatal).
Mesmo a pesquisa da Ăndia que despertou o interesse de Campbell na relação alimentação-câncer mostrou que ratos sob alimentação com baixa quantia de caseĂna estavam morrendo em uma freqßência perturbadora, enquanto que aqueles sob alta quantia de proteĂna, embora eventualmente com tumores, estavam, ao menos, vivos [13] (Desta forma, ĂŠ de se espantar que O estudo da China promova uma alimentação baseada em produtos de origem vegetal para prevenção de câncer, quando a morte ĂŠ igualmente atuante e mais freqĂźente).
Mais dicas para compreensĂŁo do caso caseĂna-câncer vĂŞm de outro estudo indiano, publicado no final da dĂŠcada de 1980, examinando os efeitos da proteĂna, ao invĂŠs de em ratos, em macacos expostos a aflatoxina[14]. Assim como o experimento de Campbell, os macacos foram alimentados com comida contendo ou 5% ou 20% de caseĂna, mas com uma diferença importante: ao invĂŠs de serem entuchados com uma dose astronomicamente alta (e irreal) de aflatoxina, os macacos eram expostos a doses menores, diĂĄrias, simulando uma situação do mundo real, onde a aflatoxina ĂŠ consumida rotineiramente em pequenas quantias, presentes em alimentos contaminados. Em um caso fabuloso de revertĂŠrio cientĂfico, este estudo mostrou que eram os macacos sob baixa quantia de proteĂna que desenvolviam câncer, enquanto os macacos com quantia alta desfrutavam de ausĂŞncia de tumores.
Este aparente paradoxo destaca um problema maior na pesquisa de Campbell com ratos: o nĂvel de exposição Ă aflatoxina ĂŠ fundamental em como a proteĂna afeta o crescimento de câncer. Quando a dose de aflatoxina ĂŠ nas alturas, os animais consumindo alimentação pobre em proteĂna nĂŁo desenvolvem câncer, porque suas cĂŠlulas estĂŁo muito ocupadas, morrendo em massa, enquanto que animais consumindo quantia maior de proteĂna ainda estĂŁo se alimentando o suficiente para o provimento de unidades alimentares de construção para o crescimento de cĂŠlulas, seja saudĂĄveis, seja cancerosas. Quando a dose de aflatoxinaĂŠ mais moderada, os animais se alimentando com baixo teor protĂŞico desenvolvem câncer, enquanto suas contrapartes com grande quantidade de proteĂna permanecem com saĂşde muito boa.
Em sĂntese, a propaganda do medo da proteĂna animal emO estudo da ChinaadvĂŠm de ciĂŞncia brutalmente mal concebida. O que os experimentos com ratos de Campbell realmente mostrou nĂŁo foi que proteĂna de origem animal ĂŠ ummacro-nutriente vingativo, promotor de desgraças, mas o seguinte:
1. ProteĂna de alta qualidade promove crescimento celular, nĂŁo importa sua origem.
2. CarĂŞncia de proteĂna prejudica a capacidade de o fĂgado desintoxicar o organismo de substâncias perigosas.
3. Com doses mais realistas de aflatoxina, a proteĂna ĂŠ, na verdade, enormemente protetora contra câncer, enquanto que alimentação com restrição protĂŞica provou ser nociva.
O verdadeiro Estudo da China mostrou que alimentos de origem animal estão relacionados com doenças?
O estudo da Chinadedicou apenas um capĂtulo ao estudo que lhe dĂĄ o nome, mas isto nĂŁo significa que nĂŁo foi aquela âmaravilhaâ. TambĂŠm conhecido como Projeto China-Cornell-Oxford, O estudo da Chinafoi um enorme empreendimento epidemiolĂłgico, examinando alimentação e padrĂľes de doenças na ĂĄrea rural da China, um projeto aclamado como âo ponto mĂĄximo da epidemiologiaâ pelo jornal The New York Times. Englobando sessenta e cinco condados e reunindo dados de colossais cento e sessenta e sete variĂĄveis, gerou mais de oito mil correlaçþes estatĂsticas significativas entre nutrição, fatores de estilo de vida e uma variedade de doenças[15].
Embora um projeto de tamanha envergadura encontre, inevitavelmente, algumas ligaçþes contraditĂłrias e sem nexo causal, Campbellassevera, em seu livro, que os dados genericamente apontam em uma direção: âPessoas que se alimentavam prioritariamente com alimentos de origem animal contraĂam, em maior parte, doenças crĂ´nicasâe âPessoas que se alimentavam prioritariamente com alimentos de origem vegetal eram as mais saudĂĄveis e tendiam a evitar doenças crĂ´nicasâ [16]. NĂŁo obstante, como ecoa do âmago dos estatĂsticos de todos os lugares, correlação nĂŁo se equivale a causação, tais associaçþes, junto com a outra pesquisa de Campbell, supostamente estipulam a afirmação convincente de que alimentos de origem animal sĂŁo incontestavelmente nocivos.
Mas os resultados de O estudo da Chinaforam realmente uma confirmação faiscante em prol da alimentação à base de produtos de origem vegetal?
Parece que esta conclusĂŁo se baseia, em grande parte, em variĂĄveis do sangue questionĂĄveis, ao invĂŠs de, na verdade, em alimentos. Em seu livro, Campbell declara que ele e sua equipe de pesquisa âdescobriram que um dos mais fortes preditores de doenças ocidentais era o colesterol sangĂźĂneoâ [17] e prossegue, tratando o colesterol como um representante do consumo de alimentos de origem animal. Ao longo deste capĂtulo, vimos saber que os dados de O estudo da Chinaencontraram associaçþes entre colesterol e muitos cânceres, assim como colesterol e ingestĂŁo de proteĂna de origem animal, implicando que proteĂna de origem animal e os referidos cânceres devem estar intimamente ligados um com o outro.
Mas, porque o colesterol pode ser influenciado por inĂşmeros fatores nĂŁo relacionados a alimentação e pode, ainda, elevar-se ou decair, em função de doenças, examinar a relação entre o alimento em si e suas conseqßências Ă saĂşde ĂŠ provavelmente mais informativo do que usar colesterol como um intermediĂĄrio sobrecarregado de trabalho e instĂĄvel. Entretanto, a relação direta entre proteĂna de origem animal e doenças nĂŁo ĂŠ debatida em O estudo da China, por uma razĂŁo monumental: tal relação nĂŁo existe. Um exame dos dados do Estudo da China original mostra praticamente nenhuma correlação estatisticamente significante entre qualquer tipo de câncer e ingestĂŁo de proteĂna de origem animal [18]. Apenas proteĂna de peixe se correlaciona positivamente, mas, provavelmente, nĂŁo casuisticamente, com um pequeno nĂşmero de cânceres: câncer nasofarĂngeo, uma doença rara que afeta uma em cada sete milhĂľes de pessoas; câncer de fĂgado, que aparece em regiĂľes de consumo de peixe, porque a aflatoxina prolifera-se em ĂĄreas Ăşmidas, prĂłximas a ĂĄgua; e leucemia, que estĂĄ provavelmente relacionada a outros elementos do estilo de vida industrializado, associado a regiĂľes costeiras (e, portanto, ao consumo de peixe) em O estudo da China [19].
Ironicamente, quando olhamos uma proteĂna de origem vegetal, a qual O estudo da Chinaargumenta tĂŁo veementemente ser protetora contra câncer, encontramos quase trĂŞs vezes mais correlaçþes positivas com diversos cânceres do que o fazemos com proteĂna de origem animal, incluindo câncer de cĂłlon, retal e esofĂĄgico [20]. De maneira semelhante, para os casos de doenças cardĂacas e derrame, proteĂna de origem vegetal possui correlação positiva, enquanto que a de origem animal e de peixe possuem negativa ou prĂłxima Ă neutralidade, significando que os consumidores de alimento de origem animal, nas ĂĄreas rurais da China, quando muito, tĂŞm menos doenças cardiovasculares do que seus amigos mais vegetarianos.
Mas o assunto se torna ainda mais interessante, quando olhamos alguns artigos cientĂficos revisados por especialistas, gerados pelos dados de O estudo da China, muitos dos quais sĂŁo co-escritos pelo prĂłprio Campbell. Assim como a pesquisa sobre a caseĂna, as descobertas deO estudo da China, como descritas no livro de Campbell, sĂŁo um pulo, um salto e dezoito mil pequenos vĂ´os de distância do que a pesquisa original diz. Embora o trigo nĂŁo receberaqualquer menção no capĂtulo de O estudo da China, Campbell, na verdade, descobriu que o consumo de trigo, em contraste absoluto com o arroz, estĂĄ fortemente associado com Ăndices mais altos de insulina, triglicĂŠrides, doenças cardĂacas coronĂĄrias, derrame e doença cardĂaca hipertensiva nos dados de O estudo da China, muito mais do que qualquer outro alimento [21,22]. Da mesma forma, em um artigo de 1990, Campbell concedeu que ânem colesterol total do plasma, nem colesterol LDL estĂŁo associados a doenças cardiovascularesâ nos dados de O estudo da China, e que âdiferenças geogrĂĄficas na mortalidade por doenças cardiovasculares na China sĂŁo causadas prioritariamente por outros fatores que nĂŁo colesterol consumido ou presente no plasmaâ, revelando que nem mesmo o amado intermediĂĄrio colesterol poderia cumprir as expectativas de suas acusaçþes como causa de doenças cardĂacas [23].
E, para salvar o melhor para o final, outro artigo do prĂłprio Campbell, publicado meros dois anos antes de O estudo da Chinachegar Ă s estandes de vendas, declara categoricamente que, nĂŁo obstante as alegaçþes de Campbell a respeito da saĂşde superior de chineses rurais com hĂĄbitos prĂłximos aos veganos, sĂŁo, em grande parte, comunidades vegetarianas, no interior do paĂs, que possuem os maiores de todos os riscos de mortalidades e morbidades e que possuem os mais baixos Ăndices de colesterol LDL [24]. Talvez, a lição aqui ĂŠ a mesma que colhemos dos ratos de Campbell: ĂŠ extremamente ficar doente, quando vocĂŞ estĂĄ morto!
Pontos principais
Apesar de sua crescente popularidade (econfirmaçþes apaixonadas por convertidos veganos de alta notoriedade pĂşblica, como Bill Clinton), O estudo da ChinaĂŠ,de diversas formas, mais um trabalho de ficção do que um santo graal nutricional. O livro semeou diversos mitos sobre os perigos da proteĂna de origem animal e dos resultados verdadeiros do prĂłprioO estudo da China, mitos que facilmente se ruem a um olhar mais examinador. Mas, apesar de tudo, continuam a escorrer para a tendĂŞncia predominante de opiniĂŁo e a ganhar crescente publicidade.
Se hĂĄ algo de positivo a se extrair do livro de quatrocentos e dezessete pĂĄginas, ĂŠ a promoção da alimentação integral e a conseqĂźente eliminação de Ăłleos vegetais, xarope de milho com alto teor de frutose, grĂŁos refinados e outros produtos industriais que tendem a desalojar comida de verdade de nossos cardĂĄpios modernos. Mas aqueles procurando literatura cientĂfica de calibre mais elevado, A psicologia de Os Simpsons ĂŠ, provavelmente, uma leitura mais satisfatĂłria (e mais amistosa aos produtos de origem animal).
Adendo
O esquadrão mÊdico da alimentação baseada em produtos de origem vegetal:
Dean Ornish, mĂŠdico: Limita açúcar, xarope de glicose, farinha refinada, margarina, Ăłleos vegetais, ĂĄlcool e alimentos processados com mais do que dois gramas de gordura. O programa tambĂŠm prega cessar de fumar, apoio de companheiros, controle de distresse e exercĂcios.
Caldwell Esselstyn, mĂŠdico: ProĂbe Ăłleos vegetais, grĂŁos refinados, farinha refinada, produtos feitos com farinha enriquecida, como pĂŁes, massas, biscoitos e massas assadas. Utiliza a estatina para levar o Ăndice de colesterol dos pacientes abaixo de 150.
John McDougall, mÊdico: Restringe a farinha refinada, grãos refinados, cereais açucarados, refrigerantes, carboidratos processados, suco de frutas e óleos vegetais.
Neal Barna R. D., mĂŠdico:ProĂbe Ăłleos vegetais, alimentos altamente glicĂŞmicos, xarope de milho com alto teor de frutose, adoçantes calĂłricos e amidos fritos, como batatas fritas.
Joel Fuhrman, mĂŠdico: Elimina alimentos refinados, inclusive Ăłleos vegetais.
Livrar-se de alimentos de calorias vazias e refinados, principalmente óleos vegetais, o denominador comum em todas estas prescriçþes à base de alimentos de origem vegetal, trarå melhoras para quase todo mundo. Em longo prazo, sem alimentos de origem animal ricos em nutrientes, surgirão carências.
ReferĂŞncias:
1. Campbell, T. Colin, PhD, with Thomas M. Campbell II .O estudo da China: Startling Implications for Diet, Weight Loss, and Long-Term Health. Dallas: BenBella Books, 2004, p. 36.
2. Ibid, p.36.
3. Ibid, p. 48.
4. Ibid, p. 60.
5. Ibid, p. 59.
6. Masterjohn, Chris. âThe Truth About The China Study.â http://www.cholesterol-and-health.com/China-Study.html
7. Colpo, Anthony. âThe China Study: More Vegan Nonsense!â http://anthonycolpo.com/?p=129
8. Bounous G., et al. Whey proteins in cancer prevention. Cancer Lett. 1991 May 1;57(2):91-4.
9. Hakkak R., et al. Diets containing whey proteins or soy protein isolate protect against 7,12-dimethylbenz(a)anthracene-induced mammary tumors in female rats. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2000 Jan;9(1):113-7.
10. OâConnor, T.P. et al. Effect of dietary intake of fish oil and fish protein on the development of L-azaserine-induced preneoplastic lesions in the rat pancreas. J Natl Cancer Inst. 1985 Nov;75(5):959-62.
11. Schulsinger, D.A., et al. Effect of dietary protein quality on development of aflatoxin B1- induced hepatic preneoplastic lesions. J Natl Cancer Inst. 1989 Aug 16;81(16):1241-5.
12. Masterjohn, Chris. âThe Curious Case of Campbellâs RatsâDoes Protein Deficiency Prevent Cancer?â September 22, 2010. http://www.westonaprice.org/blogs/cmasterjohn/2010/09/22/ the-curious-case-of-campbells-rats-does-protein-deficiency-prevent-cancer/
13. Madhavan, T.V. and C. Gopalan. âThe effect of dietary protein on carcinogenesis of aflatoxin.â Arch Pathol. 1968 Feb;85(2):133-7.
14. Mathur, M. and N.C. Nayak. âEffect of low protein diet on low dose chronic aflatoxin B1 induced hepatic injury in rhesus monkeys.â Toxin Reviews. 1989;8(1-2):265-273.
15. Campbell, p. 73.
16. Ibid, p. 7.
17. Ibid, p. 77.
18. Junshi C., et al. Life-style and Mortality in China: A Study of the Characteristics of 65 Chinese Counties. Oxford: Oxford University Press, 1990.
19. Minger, Denise. âA Closer Look at O estudo da China: Fish and Disease.â June 9, 2010. http://rawfoodsos.com/2010/06/09/a-closer-look-at-the-china-study-fish-and-disease/
20. Minger, Denise. âO estudo da China: Fact or Fallacy?â July 7, 2010. http://rawfoodsos.com/2010/07/07/the-china-study-fact-or-fallac/
21. Gates J.R., et al. âAssociation of dietary factors and selected plasma variables with sex hormone-binding globulin in rural Chinese women.â Am J Clin Nutr. 1996 Jan;63(1):22-31.
22. Fan W.X., et al. âErythrocyte fatty acids, plasma lipids, and cardiovascular disease in rural China.â Am J Clin Nutr. 1990 Dec;52(6):1027-36.
23. Ibid.
24. Wang Y., et al. âFish consumption, blood docosahexaenoic acid and chronic diseases in Chinese rural populations.â Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol. 2003 Sep;136(1):127- 40.
This article appeared in Wise Traditions in Food, Farming and the Healing Arts, the quarterly magazine of the Weston A. Price Foundation, Spring 2012.
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